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terça-feira, 7 de outubro de 2008

tentando contar algo...




Era uma tarde comum de quarta-feira, a menina Joana foi à praia. O mar a encarava, a convidava para mergulhar em suas águas salgadas. Ele estava sereno com ondas que iam e vinham pacificamente, ao contrário de Joana, que se sentia amarga, triste e só. De ressaca.
Sua única companhia era o mar. Ele a entendia pois nada perguntava. Joana gostava do mar porque suas ondas mesmo indo sempre voltavam. Diferente das pessoas em sua vida, que sempre a deixavam. Só e sem compreensão.
- Estou fria,nem esta grande bola de fogo me aquece mais. O sol não gosta de mim. Ninguém gosta. Só o mar. Só ele me chama pra perto de si.
Joana caminhava lentamente em direção à seu único amigo, olhando-o fixamente. Ela não tinha medo. Seus medos encontravam-se todos em terra firme. E ela precisava fugir de todos eles.
- Quero mergulhar em suas águas gélidas, frias iguais à mim. Quero afundar e não emergir nunca mais. Quem sabe encontro algo que me dê algum prazer do outro lado. Ou não encontre nada. Talvez seja melhor não encontrar nada mesmo, afinal o nada não faz absolutamente nada. Na mesma proporção que não faz bem, não faz mal. Aqui tudo me faz mal. Quero sentir o nada dentro de mim. Encontrar essa paz que tanto preciso e que só encontrarei nessas águas, do outro lado.
A linda menina se aproximava cada vez mais das águas, e via o filme de seus quinze anos de vida passar em sua mente. Pensava em sua mãe. Só pensava nela na verdade. Com certeza ela se sentirá livre de um grande problema em sua vida, um problema que se chamava Joana. O mar era realmente sua única esperança de não se sentir um estorvo na vida de sua mãe. Era o único portal que a levaria para o outro lado. Onde estaria livre das dores que sua alma sentia. De suas aflições e perturbações. De suas visões turvas e secas da vida.
Joana sentiu enfim as ondas tocarem seus pés, passou a caminhar mais rápido. Agora as sentia em seus seios, ela estava fria como imaginara, mas isso não a incomodava pois estava nessa mesma condição.
As ondas alcançaram seu belo rosto. As ondas a beijava. Beijava ferozmente e a puxava para baixo. Para o lado que tanto queria fazer parte. O que significava o abandono do mundo de terra firme, o abandono dos medos, das dores. A menina que fora sempre abandonada, abandonara de vez tudo aquilo que a fadigava.
Encontrara a paz que tanto precisava. Pra sempre.




[20/09/2008 – Por Sofie]

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